domingo, 30 de março de 2008

Portugal não assegura substituição de gerações

Segundo o Instituto Nacional de Estatística (INE) em 2050 Portugal terá, por cada 100 jovens 200 idosos, sendo que actualmente existem 25 idosos por cada 100 pessoas activas. Ou seja, em 2050 a relação será de 2 pessoas em idade de trabalhar para cada pessoa com 65 ou mais anos.


Estes dados revelam que o país está envelhecido devido, sobretudo, à quebra na Taxa de Natalidade. Isto condiciona o declínio do Crescimento Natural que hoje apresenta valores nulos. Estes factos impedem a renovação geracional, pois foi em 1982 que se registou, pela última vez, substituição de gerações. A renovação populacional só é possível com 2,1 filhos por mulher, no entanto, no caso português o Índice Sintético de Fecundidade é de 1,4 filhos.

Ao longo o tempo assistiu-se a uma mudança de mentalidades, o que se traduziu numa alteração do papel da mulher e do filho. O alargamento do período de estudo e o ingresso no Ensino Superior tal como a entrada no mercado de trabalho, sobretudo após o 25 de Abril, foram factores preponderantes no adiamento da conjugalidade e fecundidade. Hoje casa-se menos e mais tarde e isso conduz a um adiamento da maternidade. Por exemplo, em 1996 a idade média da mulher ao nascimento do primeiro filho era de 25,8 e hoje é de 28,1 anos.

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A procura de melhores condições de vida e de sucesso na carreira profissional mostram que, para a mulher moderna, ser mãe não é o seu objectivo de vida. Ana Prata, empresária bracarense representa esta realidade. O desejo de ascender profissionalmente fez com que adiasse o nascimento da sua única filha. “As razões profissionais e económicas, nomeadamente o orçamento familiar e os custos inerentes à educação conjugado com a falta de apoio do Governo, fizeram-me atrasar a vinda da Rita”, afirma a entrevistada. Já Carla Oliveira exclui a possibilidade de ter outro filho pois admite que, enquanto funcionária pública, não ganha o suficiente para educar dois filhos. O mesmo se verifica com Adelaide Machado que revela que nunca teria um terceiro filho se não tivesse uma condição económica estável. Também a crescente utilização dos métodos contraceptivos conduziu a um maior planeamento do núcleo familiar.

Actualmente “uma criança é um grande investimento. Antes de se ter um filho é necessário pensar muito bem se há ou não condições para lhe dar o fundamental”, declara Aristides Costa, pai de Pedro e Rodrigo.





A precariedade do emprego aliada ao facto da maternidade, por vezes, não ser bem vista pelo patronato, são outras das causas que contribuem para a crise da natalidade portuguesa. Paulo Nossa, presidente do Departamento de Geografia e Planeamento da Universidade do Minho (UM), corrobora esta ideia, acrescentando que a administração de certas empresas não permite que as suas colaboradoras tenham um projecto de gravidez. Foi o que aconteceu a Isabel Dias, que foi despedida após ter estado ausente durante a licença de parto. A jovem mãe confidenciou que: “O certo é que a minha filha tinha cinco meses quando fiquei sem emprego.”



Ouça na íntegra o caso da família Dias

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Incentivos: um caminho a percorrer
O Presidente da República (PR) na mensagem de ano novo (em pdf) chamou a atenção dos portugueses para o problema estrutural da baixa natalidade. Cavaco Silva admite que são necessárias políticas activas de promoção da natalidade e de protecção das crianças. Apelando a uma melhoria das condições de vida das famílias, o PR acredita que é o futuro colectivo que está em causa. Por este motivo, é urgente pensar e adoptar medidas natalistas neste que é o sétimo país mais envelhecido do mundo. Neste contexto de envelhecimento assiste-se à redução da população activa. Com a população cada vez mais idosa, os futuros activos vão ser mais pressionados devido ao aumento dos descontos para a Segurança Social e para a pré-reforma, bem como para as despesas de saúde. Se não houver renovação de gerações no futuro, Portugal será um país idoso, sem jovens suficientes para assegurar o desenvolvimento económico. A ilustrar este facto estão os dados da Organização de Cooperação para o Desenvolvimento Económico (OCDE): se em 2000, Portugal contava com 16,2% de população idosa, estima-se que até 2050 esta percentagem duplique. A isto acresce a diminuição da população total portuguesa de 10,2 para 9,3 milhões de residentes efectivos, entre 2000 e 2050.


Preocupado com este cenário, o Governo está a tentar implementar algumas medidas de incentivo à natalidade. Entre estas destacam-se: o subsídio para grávidas com baixos rendimentos; os abonos de família ampliados para os agregados mais numerosos; o aumento de 20% no abono para famílias monoparentais e o subsídio social de maternidade, paternidade e adopção, para quem tem baixos rendimentos.
Tal como referiu José Sócrates: “No âmbito do Programa de Alargamento da Rede de Equipamentos Sociais (PARES), estamos a financiar a construção de mais 136 creches, que permitirão acolher 6 mil crianças”, reforçando assim a rede pública de apoio à infância. O Primeiro-Ministro adiantou ainda que com esta política, Portugal atingirá em 2009 a taxa de cobertura fixada pela União Europeia para 2010. No entanto, para Vítor Rodrigues, docente de Demografia da UM, as únicas políticas que poderão resultar são aquelas que levam os casais não a ter mais filhos mas a tê-los mais cedo.


Uma das soluções que o professor apresenta é a estabilidade profissional ao longo da carreira. É necessário desenvolver políticas que permitam conciliar o trabalho com a vida familiar através de horários mais flexíveis e aumentar a licença de maternidade/paternidade, sem perda de direitos. Estes estímulos indirectos poderão complementar outros incentivos fiscais, tal como o aumento do abono de família e o subsídio de nascimento.
Apesar de se saber quais os trilhos a percorrer para aumentar a Taxa de Natalidade, e das várias tentativas feitas para equilibrar o saldo natural, Portugal ainda tem muito para caminhar. Por isso, o Governo não deve restringir-se em implementar políticas económicas mas deve centrar-se também em políticas sociais que permitam uma maior estabilidade ao casal.




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Consulte ainda:
+ ABC da Demografia (glossário)
+ Vídeo na íntegra da entrevista aos especialistas
+ Análise da população portuguesa em relação à Europa


segunda-feira, 17 de março de 2008

Plano do trabalho final


O nosso trabalho incide sobre a redução da taxa de natalidade e as suas repercussões sócio-económicas. Para tal, utilizaremos as seguintes ferramentas:

1. Videocast- Entrevistas a especialistas em demografia
2. Slideshow- Exemplos ilustrativos de pequenas/grandes famílias
3. Slideshare- Estatísticas, gráficos e as devidas explicações
4.Podcast- Famílias entrevistadas e outros


Todavia, o plano do nosso trabalho pode sofrer alterações.


Ciberjornalismo: Tecnologias e Tendências


O século XXI tem sido marcado pelo progresso tecnológico e por uma Sociedade da Informação emergente. Se todas as áreas do conhecimento têm sido influenciadas por estas revoluções, também no campo do jornalismo isso se verifica. Exemplo disso, é o aparecimento do ciberjornalismo, também denominado de webjornalismo, jornalismo online, jornalismo electrónico ou jornalismo digital. Como define Kawamoto, jornalismo digital refere-se "ao uso de tecnologias digitais para pesquisar, produzir e distribuir notícias e informação a uma audiência crescentemente versada em computadores". (cit. por Hélder Bastos em Ciberjornalismo e Narrativa Hipermédia [pdf.])

O ciberjornalismo apresenta seis características principais – hipertextualidade, interactividade, personalização, memória, actualização contínua e multimedialidade. Por hipertextualidade entende-se a possibilidade de inter-relacionar diversos textos digitais entre si. Assim sendo, recorrendo a links podemos ter acesso a informação adicional, que orienta os consumidores. Esta característica pressupõe alguma interactividade, na medida em que permite ao utilizador aproximar-se da informação publicada. A título de exemplo, o leitor pode comentar e receber feedbacks ou votar sobre qualquer tema de forma mais rápida. Outro benefício envolve a personalização dos conteúdos. No ciberespaço o internauta pode filtrar as informações que considera relevantes. Recorrendo a um agregador de conteúdos (como a ferramenta RSS) ou através da assinatura de newsletters, a informação pretendida é encaminhada para o indivíduo permitindo-lhe poupar tempo. Há uma outra característica no ciberjornalismo – memória – através da qual podemos guardar grandes quantidades de informação em pouco espaço, podendo esta ser recuperada rapidamente. O ciberjornalismo é ainda caracterizado por uma actualização contínua dos conteúdos. Portanto, podemos ter acesso à informação em tempo real e ainda contribuir para esse constante actualizar de informação. Por último, à capacidade de combinar numa mesma mensagem vários formatos como texto, imagem e som (videocast e podcast), num suporte digital, denominamos multimedialidade.

Dualismos no ciberjornalismo

O ciberjornalismo, considerado o “quarto” género do jornalismo, possui vantagens e desvantagens. Com o advento do webjornalismo proporcionou-se, à escala mundial, um incremento na acessibilidade. Por conseguinte, o mundo tornou-se uma “aldeia global” marcado pela desterritorialização, onde se esbatem fronteiras. Isso sugeriu ainda uma maior proximidade entre o leitor e o jornalista, podendo um encarnar o papel do outro – jornalismo participativo. Outra das vantagens é a facilidade de arquivo e documentação, uma vez que não há limites de espaço e tempo. Neste sentido, verifica-se uma convergência na tendência para a personalização e actualização constante da informação. E, como referido, o recurso a diferentes suportes multimédia articulado com a lógica do hipertexto, constituem outras das mais valias.

No entanto, o internauta vê-se confrontado com a abundância de informação, o que reflecte perdas de tempo significativas e até uma menor credibilidade nos conteúdos, isto porque não há controlo sobre o que se divulga. Da mesma forma, o excesso de links aliado à sua má utilização, pode fazer com que os utilizadores se “percam” da sua ideia inicial. Com a chegada do jornalismo digital assistiu-se também a um decréscimo no investimento na investigação jornalística, o que levanta a questão da credulidade e objectividade neste novo meio. Finalmente, é de salientar que as assimetrias sócio-económicas têm repercussões a nível global, que se traduzem na info-exclusão derivadas do fosso digital.

Quem é o ciberjornalista?

Com o apogeu da Sociedade da Informação o jornalista foi confrontado com o novo paradigma mediático, tendo de se readaptar. Assim sendo, as competências do ciberjornalista não se resumem a redigir texto, mas também a explorar e aplicar todos os formatos possíveis, no intuito de cativar novos públicos.
Nesta lógica, o novo jornalismo alarga-se a toda a população ao incentivar uma participação mais activa e cooperante. Destacam-se aqui algumas das formas de jornalismo-cidadão: jornalismo participativo, colaborativo e de código aberto. No primeiro caso, o cidadão assume o papel de comentador, enquanto que no segundo, há uma maior dinâmica uma vez que, o indivíduo contribui activamente na produção de conteúdos mediáticos. Já o jornalismo de código aberto diz respeito à possibilidade que qualquer utilizador tem de criar e alterar informação no cibermeio (ex. Wikipedia).

Novo ComUM fiel a critérios de isenção e rigor


Independência e exactidão foram as características jornalísticas mais frisadas pelo director do ComUM, Rui Rocha, na conferência de imprensa da aula de Ciberjornalismo, acerca do novo jornal. A entrevista dada no passado dia 4 de Março vem no seguimento da adaptação do suporte digital para o impresso.
Quando questionado acerca da imparcialidade do jornal do Grupo de Alunos de Comunicação Social da Universidade do Minho (GACSUM), Rui Rocha afirma que o facto de não pertencer a nenhum órgão de decisão lhes permite “alargar o campo jornalístico”. Segundo o mestrando de Ciências de Comunicação, outros jornais que tentaram manter-se neutros a pressões, foram dissolvidos.


A professora do Instituto de Ciências Sociais, Madalena Oliveira, corrobora os critérios de isenção deste jornal, acrescentando que a primeira impressão é que é um jornal independente. Este é “um projecto de grande mérito, graficamente interessante e em termos temáticos é um jornal muito diverso, com uma qualidade nítida nos textos”, sublinha a docente. No que respeita aos artigos publicados, Madalena Oliveira destaca como “uma inovação no jornalismo académico” a reportagem “Prostituição na Universidade do Minho”, por isso considera-o um projecto em crescimento. Já o aluno de Estudos Portugueses e Lusófonos, João Pereira, discorda deste ponto de vista. Apesar de apelativa, a reportagem da primeira edição do ComUM, “apresentava algumas lacunas, pois podia ter sido mais explorada”.

Bernardo Cunha, funcionário da UM há 32 anos, aponta outra perspectiva. No seu parecer “os jornais universitários são semelhantes, tirando as noticias sensacionalistas que o ComUM parece estar a adoptar”. O responsável pelo Gabinete de Apoio ao Aluno afirma que o semanário é “por vezes, demasiado independente, divulgando uma imagem negativa da UM”.

Tal como a maioria dos entrevistados, Pedro Silva, desconhecia a edição online, no entanto, acompanha a versão impressa. “É um bom jornal, a informação está bem apresentada; a escrita é correcta e a nível gráfico tem algumas imagens a completar os artigos”, conclui o aluno de Engenharia Biomédica.